sexta-feira, 18 de junho de 2010

Torpe

A base da sua razão me é abstrata, não a entendo. Sinto, na sua voz, que não sabe disfarçar, a maciez forçada entrando em atrito com as palavras ásperas ferinas. Sinto seu coração mover-se à angústia e à ira, concebidas pelo, a mim, desconhecido.
Da sua boca sai o fluido gélido que, passando por meu ouvido e penetrando o meu coração, queima e arde em chamas furiosas e sedentas. A agonia me rouba o ar, sufoca-me, tortura-me. Invadida pelo desespero, luto com tudo o que tenho: Frágeis forças vindas das restantes gotas de esperança. Num ato de loucura, enfrento mais dor e corro em sua direção. Venço-me, pois, a mim, mas sou lançada ao relento da ruína ao chocar-me com barreira, invisível, desconhecida e até prolixa ao não ter alvo definido. Paz, sanidade e saúde são feridas, cada qual em função do jogo elegido.
Entorpecida por dor, sinto o chão fragmentado, vejo uma realidade condensada em delírio. Borrões incertos me mostram que o futuro trincado são lágrimas do passado chuviscando no meu presente.
Busco, confiando na intuição, o brilho dos seus olhos. Quero implorar que me erga sua mão, mas não sei se me confundo com a derradeira luz de mais uma estrela assassinada. Temo que seus olhos estejam fechados, entregues ao orgulho. Temo que se prenda no calor que emana de seus sentimentos sem fundamento. Temo não reconhecer o real. Temo temer.
Pois que haja dor em tudo que possível, que fira corpo e alma, que rasgue todo o coração, que derrame todo o sangue. Enquanto houver amor envenenando meus sentidos, hei de lutar por esta causa.

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Exercitando a mente.